CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

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Sessão: 133.2.54.O Hora: 14:56 Fase: PE
Orador: DOMINGOS DUTRA, PT-MA Data: 22/05/2012

O SR. DOMINGOS DUTRA (PT-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, sou fundador do PT. Estou há 32 anos no partido. Nesse período, disputei 12 eleições, fui duas vezes Deputado Estadual, sou Deputado Federal pela terceira vez e fui Vice-Prefeito de São Luís. Nunca me envolvi em maracutaia. Jamais solicitei ao poder econômico contribuição para minhas campanhas.

Na eleição de 2010, andei 450 quilômetros a pé, estive em 82 Municípios maranhenses, enfrentando uma coligação poderosa. Dedico-me, nesta Casa, de corpo e alma, à defesa dos mais pobres e humildes. Este Plenário e parte do povo brasileiro sabem da minha posição política em relação ao grupo político que domina o Maranhão há mais de 40 anos.

Nesta Casa, na condição de suplente, há um capanga que há muito tempo vem tentando travar debate comigo. Já disse e repito que a luta do povo do Maranhão, na qual me incluo, é contra o dono da fazenda, não contra seus jagunços.

Na sexta-feira, dia 11, esse capanga usou a tribuna para fazer acusações a mim, a minha esposa e à Deputada Erika Kokay. Naquela mesma hora, a Deputada Erika, o Deputado Severino Ninho e eu estávamos na sede da OAB concedendo uma entrevista em que denunciamos as falhas nas investigações do assassinato do jornalista e blogueiro Décio Sá e repudiamos a recusa do sistema de segurança do Estado do Maranhão em receber a Comissão e fornecer informações.

Pois bem. Na última quinta-feira, em nome da Comissão de Direitos Humanos, protocolei, na Polícia Federal, requerimento para federalizar as investigações sobre o assassinato do jornalista Décio Sá e, na segunda-feira, ontem, esse mesmo capanga voltou a assumir esta tribuna para fazer denúncias.

Essa atitude tem três objetivos. O primeiro é o de desviar as atenções sobre as investigações e a execução do jornalista Décio Sá, que era do Sistema Mirante de Comunicação, pertencente à família Sarney, e foi barbaramente executado numa avenida de São Luís.

Há uma tentativa clara de desviar as atenções das investigações e da contribuição da Comissão de Direitos Humanos para a elucidação desse e de outros crimes por encomenda ocorridos no Estado do Maranhão. E vamos pedir à Polícia Federal e à Polícia Civil que investiguem esse capanga, para saber que motivos o levam a tentar desviar as atenções desse crime bárbaro e perverso.

Em segundo lugar, em seu discurso, o suplente de Deputado pediu que eu renunciasse à Presidência da Comissão de Direitos Humanos. Isso revela que a respeitabilidade que consegui nesta Casa e neste País está incomodando, pois, enquanto isso, esse capanga se limita a carregar os urinóis, os penicos do Senador Sarney, vive na camarinha do Senador Sarney.

Por fim, esse capanga vive doido para assumir uma vaga de Deputado, pois nunca se elegeu - é um eterno suplente. Por isso, vive perseguindo todos os Deputados que têm algum processo judicial. Com essas denúncias, imagina que vai conseguir cassar algum mandato.

Logo após o resultado dessa denúncia, vamos usar os instrumentos jurídicos, porque há data final para terminar sua imunidade. E ele vai quebrar a cara, vai continuar carregando os penicos, os urinóis do Senador Sarney. Se ele quiser um dia ser Deputado, que rale para poder conseguir autorização do povo maranhense.

Presidente, fica registrado aqui o meu repúdio a tal comportamento.

Informo ainda que vou viajar amanhã para Genebra, onde participarei de uma reunião da ONU. E, entre as várias denúncias que levarei, estão a execução desse jornalista e os crimes de pistolagem no Maranhão.

Daqui a pouco, inclusive, estarei com o Ministro José Eduardo Cardozo, e vou reivindicar que a Polícia Federal também entre nesse caso - e assim o farei não para desmoralizar o Governo do Estado, mas a fim de contribuir para que seja elucidado esse crime de pistolagem.

A Comissão de Direitos Humanos não tenta desmoralizar nenhuma autoridade da segurança pública do Estado, não tenta suprimir competências. O que queremos, junto com o Governo Federal, o Governo Estadual e essa Comissão, é contribuir para que se elucide o crime, para dizermos não à pistolagem. Não se admite que, em pleno século XXI, ainda se eliminem pessoas mediante pagamento, como feito com o jornalista Décio Sá, com a índia assassinada no Município de Grajaú e com tantos maranhenses que têm sido ceifados pelas mãos da pistolagem covarde.

Muito obrigado, Sr. Presidente.