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O SR. ARNALDO JARDIM (Bloco/PPS-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, tenho uma satisfação muito grande porque no sangue de meus filhos, Leonardo, Pedro e Rafael, corre o sangue armênio, fruto da sua mãe, Helena Maria Gasparian, e do seu avô, que inclusive foi Parlamentar nesta Casa, o nobre e inesquecível Deputado Fernando Gasparian.
E é em nome desse sangue e com a consciência de uma Nação que orgulha a todo o mundo pelo vanguardismo intelectual que sempre teve em diversos aspectos que quero hoje somar-me, mais uma vez, à comunidade armênia para relembrar a tristeza de um genocídio de 1,5 milhão de armênios ocorrido em 1915, um crime claro de lesa-humanidade.
Nosso pronunciamento, Sr. Presidente, dá seguimento a um reconhecimento a esse genocídio que não pode ser esquecido.
PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, tenho acompanhado as discussões acaloradas ensejadas pelo recente iniciativa do Legislativo francês em reconhecer o genocídio do povo armênio. Acaloradas, diante da verbalização de alguns de que se trata de uma manifestação de "boa consciência, uma decisão que não serve à Armênia, ofende a Turquia e não interessa à França". Que o momento é inoportuno, por conta da crise econômica na Zona do Euro. Que tal medida fere a soberania da "principal potência emergente do Oriente Médio".
Acredito que a Declaração Universal dos Direitos Humanos não é uma peça de ficção da "boa consciência global", mas uma meta a ser alcançada pela humanidade. Uma conquista de todos nós, independente do credo, raça ou nacionalidade. Emergiu a partir de lições, de fatos e acontecimentos históricos que transformaram a humanidade - muitos deles geniais, outros que nos envergonham e sujam de sangue a nossa história recente.
O reconhecimento do genocídio do povo armênio é o primeiro passo para trazer justiça aos 1,5 milhões de inocentes, barbaramente executados durante a invasão do Império Turco Otomano, em 1915.
Situada numa região privilegiada e estratégica na Ásia Menor, a Armênia foi invadida por soldados turcos otomanos, durante a 1ª Guerra Mundial. No dia 24 de abril, começaram as prisões em massa de líderes políticos, intelectuais, médicos, advogados, o que posteriormente deflagrou uma matança em massa e indiscriminada.
Teve inicio a diáspora que levou mais de 5 milhões de armênios a buscar refúgio em outros países. Um número impressionante ao observamos a atual população que vive na Armênia, de 4 milhões de pessoas. O Brasil foi um dos países que acolheu os exilados, onde vivem hoje 70 mil armênios/brasileiros.
Esse genocídio, o primeiro do século XX, é um crime imprescritível e de lesa-humanidade, uma chaga na história universal, que exige, no mínimo, o reconhecimento negado pelo Governo turco.
É nesse sentido o meu apelo, para que, a exemplo de outros países, como a França e o Parlamento e o Governo da vizinha República da Argentina, nós, Parlamento e Governo brasileiros, reconheçamos o genocídio do povo armênio. Um reconhecimento legítimo, que já sensibilizou o Estado e o Município de São Paulo, além de outros Municípios brasileiros.
Prestar homenagens, relembrar os fatos, em nada tem haver com o desejo de constranger uma nação ou simbolizar um gesto de "boa consciência". Pelo contrário, é um sinal claro de repúdio de toda a humanidade a um pavoroso genocídio, um momento de reflexão e de solidariedade com a comunidade armênia do Brasil e uma reverência à memória dos 1,5 milhões de vitimas inocentes.
Obrigado.