CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

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Sessão: 154.1.52.O Hora: 11:12 Fase: BC
Orador: LUIZ BITTENCOURT, PMDB-GO Data: 27/08/2003

O SR. LUIZ BITTENCOURT (PMDB-GO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo hoje esta tribuna da Câmara dos Deputados para lamentar a saída, da Diretoria do Instituto Nacional de Câncer (INCA), do ex-Ministro da Saúde Jamil Haddad, que renunciou ao cargo após denúncias de falta de medicamentos para pacientes com tratamento em curso.

Ao solidarizar-me com Jamil Haddad, cujos serviços prestados à causa da saúde pública no Brasil merecem reconhecimento geral, quero manifestar meu apoio a esse admirável médico e notável homem público. Ele possui uma biografia irrepreensível e, no exercício de inúmeros postos na sua longa e produtiva vida pública, deu e continua dando grande contribuição à construção de dias melhores para o povo brasileiro.

Na direção do INCA, Jamil Haddad travou diuturnamente renhida batalha para garantir o bom funcionamento da instituição, apesar das notórias dificuldades e dos atropelos, sobretudo em relação à crônica carência de recursos financeiros. Lutou até ver exauridas suas forças, sendo que seu gesto é revelador da grave crise que se abate sobre as unidades públicas de tratamento do câncer no Brasil.

O INCA é referência na terapêutica do câncer. Possui um quadro de mais 3 mil funcionários e realiza cerca de 2 mil consultas por dia, em 18 unidades espalhadas pelo País. Apesar de ser a mais bem estruturada rede de tratamento do câncer do País, o instituto vem enfrentando sérios problemas para manter em funcionamento suas unidades e fornecer medicamentos aos doentes.

Ex-Prefeito do Rio de Janeiro e profundo conhecedor da saúde pública no Brasil, já tendo sido titular do Ministério da Saúde no Governo Itamar Franco, Jamil Haddad alertou por diversas vezes as autoridades federais para os problemas enfrentados no tratamento do câncer nas unidades da rede pública. A doença vai matar 127 mil brasileiros em 2003, número que a coloca em segundo lugar no rol das causas de morte no País.

Apesar da incompreensão de setores do funcionalismo do INCA e da mágoa que leva no peito por atos de auxiliares que considerou como verdadeiras traições, Jamil Haddad pode ter certeza de que deixa a instituição com o aplauso do povo brasileiro, que o respalda no gesto da renúncia e o respeita pela dignidade com que sempre se conduziu ao longo de toda a vida.

A luta contra o câncer no Brasil teve na gestão de Jamil Haddad à frente da Diretoria-Geral do INCA grande reforço. Seu trabalho nesse setor específico da saúde pública foi responsável e produtivo e em nada será diminuído com a campanha de desestabilização de que foi vítima e que acabou ocasionando sua renúncia do instituto.

Quero, portanto, manifestar minha solidariedade a Jamil Haddad e mais uma vez lamentar a sua saída da Diretoria-Geral do Instituto Nacional de Câncer.

Era o que tinha a dizer.

Muito obrigado.