CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 275.2.52.O Hora: 14:54 Fase: BC
Orador: JAIR BOLSONARO, PTB-RJ Data: 08/12/2004

O SR. JAIR BOLSONARO (PTB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há pouco, ouvimos o Deputado Ivan Valente falar sobre a decisão judicial de abertura dos arquivos do Araguaia. Disse S.Exa. que isso era necessário "em nome da verdade" e fez referência a atos de corrupção praticados durante o regime militar por militares.

Quero fazer duas observações apenas. Primeiro, a imprensa está livre há mais de 20 anos em nosso País e tem fuçado a vida de dezenas e dezenas de militares, mas, até hoje, não encontrou um só coronel, general ou sargento com dinheiro no exterior ou com bens incompatíveis com sua renda em nosso País. A propósito, uma vez que o Deputado Ivan Valente é tão zeloso no tocante à corrupção, pergunto a S.Exa. por que seu partido enterrou a CPI do Waldomiro.

Agora há pouco, falando sobre a operação da Polícia Federal denominada Sentinela, o Deputado Professor Luizinho disse que essa ação da PF compromete a governabilidade. Ora, Sr. Presidente, vamos deixar de pregar moral de cuecas nesta Casa!

Em relação aos arquivos do Araguaia, também quero que sejam abertos. E esse é o desejo dos meus colegas militares. Ninguém tem nada a esconder. Agora, não vamos admitir censura por ocasião da abertura desses arquivos. Ou não querem conhecer melhor, mais amiúde como eu conheço, a história do grande guerrilheiro José Genoino? José Genoino inclusive passou alguns anos dado como morto, depois de ter sido detido no Araguaia, para que os "aparelhos" existentes em São Paulo não mudassem de lugar, e ele, calmamente, enquanto freqüentava Brasília e São Paulo, pudesse delatar seus companheiros sem levar um tapa sequer. E ele não levou um tapa, um piparote de um militar para entregar os seus companheiros.

Vamos também acabar com essa história de que esse pessoal estava na categoria de presos políticos. Eles eram seqüestradores, assaltantes de banco, estupradores, terroristas. E praticavam a corrupção em larga escala. Esse é o passado de muitos.

O que está em jogo, nobres companheiros - e parece que muitos não acordaram para isso ainda -, é o grande negócio do Sr. Luiz Eduardo Greenhalgh: o seu escritório de advocacia em São Paulo. Há poucos dias, S.Exa. declarou na mídia: "É inútil dormir, que a dor não passa." A dor de que S.Exa. sofre, Deputado Inocêncio Oliveira, chama-se LER - Lesão por Esforço Repetitivo, que ataca de vez em quando alguns companheiros digitadores desta Casa. No caso de S.Exa., porém, é de tanto contar dinheiro. Trata-se de LER no polegar e no indicador.

A LER do Sr. José Genoino é de entregar os colegas, e a do Sr. Luiz Eduardo Greenhalgh, de contar o dinheiro ganho pelas indenizações milionárias conseguidas às custas da "viúva". Até seu Chefe de Gabinete, Sr. Dantas, recebeu mais de 1 milhão de reais a título de indenização, após ter passado pelo crivo de uma comissão de anistia parcial indicada pelo Secretário Nilmário Miranda e pelo Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, que também tem brilhante escritório de advocacia e só defende marginal de altíssima periculosidade.

Por isso, o Ministro quer o fim dos crimes hediondos: exatamente para defender seqüestradores, colegas de Greenhalgh do passado, de José Genoino, de Nilmário Miranda e por aí afora.

O que eles querem, na verdade, no tocante aos arquivos, é descobrir mais pseudotorturados. No início, estava previsto 1 bilhão de reais para esses marginais, agora, o Governo já sinalizou a quantia de 4 bilhões de reais para as indenizações - os 30% do Deputado Greenhalgh chegarão a 1 bilhão e 200 milhões de reais. E ainda vejo o colega na Comissão de Constituição e Justiça votar emenda de Comissão para anistiados políticos. Isso é brincadeira! É uma farsa!

Quanto à abertura de arquivos, queremos ver melhor a história do Ministro-Chefe da Casa Civil, José Dirceu, um precursor de Bin Laden, pois lançou um carro-bomba ladeira abaixo em São Paulo, assassinando um soldado do Exército Brasileiro. A Comissão, que é presidida por quem está com LER, o Deputado Greenhalgh, resolveu dar aos familiares, pai e mãe de Mário Kozel Filho, zero de indenização e, de pensão, 330 reais. Não foi possível armar com a família dele 1 milhão de reais de indenização e, conseqüentemente, uma pensão maior.

É um grande negócio essa história de ditadura militar. Esses que falam em ditadura vivem curtindo férias em Cuba e abraçando o ditador e sanguinário Fidel Castro, que matou mais de 70 mil - estes, sim - presos políticos e agora começa a libertar alguns escritores para se aproximar da Espanha. Essa é a grande verdade, Sr. Presidente.

Esperamos colocar um fim nisso. Que esta Casa não continue acolhendo emendas para marginais, sanguinários, assassinos, covardes, estupradores; marginais que chegaram a este Congresso e à Presidência em cima do estelionato eleitoral.

Era o que tinha a dizer.