Confira abaixo as perguntas respondidas pelo relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da Emigração Ilegal, deputado João Magno (PT-MG). Para facilitar o entendimento do debate, o chat está dividido em cinco blocos: andamento dos trabalhos da CPMI, agenciadores, visto e cidadania, desenvolvimento regional e Polícia Federal.
Andamento dos trabalhos da CPMI
(10:02) Gustavo: Bom dia, deputado. O senhor já sabe o que vai apontar no relatório?
(10:05) Dep. João Magno: Gustavo, nosso relatório consta de três partes. Em uma delas, nós vamos tratar da mudança no Código Penal e da atualização das leis em função da novidade que é o problema emigratório no Brasil hoje. A segunda parte diz respeito à assistência que o Brasil deve dar aos brasileiros tendo em vista a desestruturação dos consulados lá fora, para atender uma quantidade cada vez maior de pessoas. A terceira parte é a do delito. Junto com a Polícia Federal e o Ministério Público, nós queremos fazer um trabalho para desbaratar quadrilhas que estão enriquecendo à custa da morte de pessoas na fronteira.
(10:06) Gustavo: O senhor já tem nomes de pessoas para sugerir a prisão?
(10:09) Dep. João Magno: Gustavo, os nomes quem tem é a Polícia Federal. Nós estamos é dando suporte à PF, ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. Só em Poços de Caldas, nesse fim de semana, foram feitos oito mandados de busca e apreensão, envolvendo pelo menos oito pessoas com evidentes indícios de envolvimento no tráfico de pessoas.
(10:08) Juliana: O sr. encaminhou projeto para modificação do Código Penal. Quais são essas mudanças?
(10:11) Dep. João Magno: Juliana, nós vamos mudar o Código Penal dando condições à Justiça e à Polícia Federal de proceder aos enquadramentos e às prisões. Queremos que fique claro na lei que transportar pessoas para trabalhar fora com objetivo lucrativo é crime.
(10:14) mario: Todos os mandatos de busca em Poços obtiveram êxito? Os indiciados foram presos ou falta algum a ser cumprido?
(10:17) dep. João Magno: Mario, os autos de apreensão foram remetidos para o juiz local e a Polícia Federal continua atuando na apuração dos casos, obedecendo ao devido processo legal. A operação fortaleceu o inquérito da Polícia Federal para viabilizar as prisões. Dos oito inquéritos, todos foram resolvidos.
(10:14) Gustavo: Em quais países, além dos Estados Unidos, a CPMI está trabalhando? Existem outros países com uma rota definida?
(10:19) dep. João Magno: Gustavo, verificamos que há também tráfico de pessoas para a Europa e problemas quanto ao tratamento dado aos imigrantes brasileiros no Japão. A CPMI avaliará todos os casos que cheguem ao seu conhecimento.
(10:40) marcelo: Deputado, quando fica pronto o relatório? O que o senhor pode adiantar dele?
(10:45) dep. João Magno: Marcelo, a comissão tem prazo até o final do ano para encerrar seus trabalhos. Ainda estamos no início das investigações, mas posso garantir que já há evidências muito fortes que nos levarão a adotar as medidas cabíveis contra as pessoas envolvidas.
(10:45) cris: Bom dia, deputado, estive na audiência pública em Poços de Caldas e gostaria de saber se a audiência fechada que ocorreu na sexta feira foi produtiva.
(10:47) Dep João Magno: Cris, bom dia, a audiência foi extremamente produtiva para entender o tráfico de pessoas na região e seus responsáveis. Mas, por ser secreta, não podemos divulgar maiores detalhes.
(10:49) Roberto: Deputado, o senhor acredita que irá apresentar o relatório apesar de estar com o mandato a perigo?
(10:54) Dep João Magno: Roberto, o trabalho da relatoria já começou e o tema é de grande relevância para a realidade brasileira. Ao final, temos confiança de que a verdade vai prevalecer diante dos fatos políticos que o Brasil enfrenta.
(11:01) SSOOLL: O senhor citou a novela da Globo como uma "faca de dois gumes". O que a CPI pode fazer para que a Globo mude o enfoque do tema?
(11:06) Dep João Magno: Ssooll, já foram apresentados requerimentos para uma audiência pública no Congresso com a participação da Glória Peres e da Débora Secco para discutir e avaliar o impacto da novela. Já há dados concretos de que a novela tem estimulado, e muito, a emigração ilegal. A depender do final da novela, tememos que o incentivo ao tráfico internacional de migrantes seja ainda maior. A partir da discussão no Congresso, esperamos sensibilizar os responsáveis pela novela para os efeitos sociais da trama.
(11:18) Alvarenga: Deputado, o senhor não acha que seria interessante a realização de uma audiência pública em Alvarenga, pois só acontecem em grandes centros, como recentemente em Governador Valadares, e os pequenos municípios não têm muito conhecimento do que a CPMI da Emigração Ilegal?
(11:20) Dep. João Magno: Alvarenga, lamentavelmente existem limites de agenda e recursos públicos para os vários pedidos de audiência.
(11:22) Alvarenga: Deputado, minha preocupação é que mais de 5% da população de Alvarenga já mora em outros países. A cidade está perdendo sua juventude que está indo em busca de trabalho, e muitas das vezes não sabendo o risco que correm.
(11:23) Dep. João Magno: Alvarenga, um dos objetivos dessa CPMI é propor ao governo políticas para a região onde está ocorrendo o esvaziamento, principalmente por parte da juventude.
(11:26) Alvarenga: Deputado, fico grato por sua atenção, e espero que possa retornar ao nosso município e continue prestigiando nosso povo, e quem sabe, fazendo uma palestra no sentido da conscientização dos jovens para o perigo da imigração.
(11:27) Dep. João Magno: Alvarenga, podemos agendar para mais adiante.
Agenciadores
(10:08) mario: Bom dia. Atravessadores, agenciadores ou seja lá como eles são chamados. Eu só sei é que graças a eles, e sem eles obrigarem a ninguém(assim como os traficantes, que ficam nos morros vendendo drogas, mas não obrigam ninguém a comprar), eles ajudaram muitas famílias a conseguirem o que têm hoje. Já que o negócio é combater, então por que não combater com o consulado, que eu acho que é o maior culpado por tudo isso? Os mineiros principalmente são muito discriminados na hora de tentar pegar um visto. E a quantidade de vistos destinada ao Brasil, você não acha ser muito, muito pequena?
(10:12) dep. João Magno: Mario, a CPMI e o governo brasileiro têm feito seus esforços em diversas áreas, inclusive buscando a concessão de maior número de vistos para trabalho legal de brasileiros nos Estados Unidos. Mas o processo é lento, pois envolve negociações com o governo americano. A principal preocupação da CPI é evitar que pessoas continuem morrendo pela irresponsabilidade dos agenciadores.
(10:08) Paula: Bom dia, deputado, gostaria de saber quais as providências que serão tomadas quanto aos agenciadores destas pessoas que buscam uma melhor condição de vida fora do País.
(10:33) dep. João Magno: Paula, já foi proposto um projeto de lei pela CPMI para criminalizar o tráfico internacional de migrantes. Por esse projeto, haverá condições de se punir o chamado agenciador, bem como qualquer pessoa que auxilie, facilite, financie a migração ilegal com objetivo de obter lucro.
(10:10) Alvarenga: Deputado, no dia 14 de agosto morreu por acidente em Lisboa, Portugal, uma imigrante alvarenguense, Irani Galdina da Silva, 26 anos, sendo mais uma vítima da imigração ilegal. O que poderá ser feito para coibir esses agenciadores?
(10:13) dep. João Magno: Alvarenga, esses agenciadores formaram verdadeiras quadrilhas organizadas que envolvem lavagem de dinheiro e tráfico de pessoas. Estamos buscando mudar a legislação para permitir a repressão mais eficaz a esse tipo de crime.
(10:23) Maria: Se uma pessoa procura uma agência de livre e espontânea vontade, mas está indo para trabalhar por sua conta e risco, qual a responsabilidade da agência que vendeu a passagem aérea?
(10:27) dep. João Magno: Maria, muitas agências de passagem aérea têm ligações com grupos que patrocinam a travessia ilegal do México para os Estados Unidos. Na venda de passagens, muitas vezes está implícito que a pessoa fará o perigoso roteiro. É preciso investigar tudo isso. As agências agem de forma diferenciada e não dá para culpar todas sem investigar. Muitas são honestas e simplesmente fazem seu trabalho normalmente.
(10:28) mario: Bem, gente. Eu tive a felicidade de ir ao consulado e pegar meu visto e fui aos EUA 3 vezes. Das 3 em que fui, 2 eu fui pra trabalhar e, com o que eu consegui juntar, comprei minha casa. Agora, ao mesmo tempo, eu vi brasileiros lá, querendo viver como se vive aqui, e que não juntaram nada. Então, a cabeça de quem vai para lá é que tem que mudar um pouco.
(10:49) marcelo: Mario, é impressão minha, ou você disse que esteve trabalhando nos EUA?
(10:52) mario Fala com marcelo: Quem é você? Polícia? O que eu fiz é o que pelo menos dois milhões de brasileiros estão fazendo lá agora: trabalhando.
(10:54) marcelo Fala com mario: Caro, não sou policial, não. Só fiquei curioso. Mas não precisa ser assim agressivo. Só queria saber como são as coisas, pois me parece que você é o único aqui que tem essa experiência. Simples, não?
(10:57) mario Fala com marcelo: ok, desculpe. Eu sei lá se existe algema virtual pra prender alguém em sala de bate-papo. Eu achei muito proveitoso. Só que se não tiver objetivo não vence. Se puder, vá e lute pelo que você deseja e depois volte. Aqui é que é bom de se viver.
(10:58) marcelo Fala com mario: Queria saber apenas o que você acha do combate aos agenciadores e da possibilidade de o governo brasileiro tentar aumentar o número de vistos legais de trabalho para os EUA.
(11:00) marcelo Fala com mario: Ah... antes que você me pergunte, sou jornalista
(11:00) mario Fala com TODOS: Combater agenciadores, é como combater os diversos "tranqueiras" que a gente tem espalhados pelo brasil. Tudo que é sério merece crédito e o que não é...
(11:03) Dep. João Magno: Mário, qualquer agenciador articulado com o esquema do México, cobrando 10 mil dólares em média, não está isento de incorrer em abusos por mais que tenha boa vontade. Ele está articulado com quadrilhas.
(10:31) Cida: Espero, que haja justiça para essas agências ilegais, que se intitulam agência, denegrindo a imagem da verdadeira agência e prejudicando o trabalho de quem trabalha honestamente.
(10:33) dep. João Magno: Cida, você tem toda a razão. Estamos trabalhando para isso.
(10:37) Cida: Sugiro que inicialmente as agências suspeitas tenham seus alvarás, CNPJ, associação de classe, Embratur, enfim tudo que os impeçam de permanecer no mercado, prejudicando e incentivando a criminalidade.
(10:46) dep. João Magno: Cida, na realidade, não podemos somente com a suspeita tomar medidas drásticas. Se confirmado judicialmente o envolvimento de determinada agência com o tráfico de pessoas, suas sugestões são procedentes. A CPMI da exploração sexual de crianças e adolescentes propôs medidas semelhantes em relação a motéis, hotéis, bares, boates ou outros estabelecimentos que promoviam esse tipo de crime.
(10:51) marcelo: Pelo que vi, o senhor propõe mudanças no Código Penal e medidas administrativas contra agências de turismo envolvidas em esquemas de agenciamento?
(10:54) Dep. João Magno: Marcelo, o Código Penal só prevê enquadramento em caso de tráfico de crianças ou de mulheres, quando configura prostituição. Como o fenômeno migratório no Brasil é recente, a legislação tem que cobrir a grave lacuna que é a ausência de enquadramento para trabalho expondo as pessoas ao risco de perder a vida. Por isso, os agenciadores têm aumentado. Oficialmente, são 40 agências ilegais só na região leste de Minas.
(10:52) SSOOLL: Vocês têm o mapeamento das cidades que mais mandam gente ao exterior de maneira irregular?
(10:55) dep. João Magno: SSooll, são cidades espalhadas por todo o País. As principais estão nas regiões de Governador Valadares (mais de 20 municípios), sul de Minas, Criciúma, Goiânia, bem como municípios do Espírito Santo e de Rondônia.
(10:56) SSOOLL: E o que pode ser feito junto a essas prefeituras (refiro-me à pergunta anterior) para reverter o movimento?
(10:59) dep. João Magno: SSooll, é fundamental garantir políticas públicas eficientes nessas regiões. A maioria dos brasileiros que viajam para o exterior querem voltar para suas cidades, onde têm seus laços culturais e deixaram suas famílias. Deve haver um trabalho conjunto entre municípios, estados e o governo federal para gerar emprego e renda nessas regiões.
(11:02) marcelo: Atualmente, deputado, se não me engano, há um crime de agenciar mão de obra, mas punido com uma pena muito pequena. Está no capítulo do Código Penal dos crimes contra as relações de trabalho. O que o senhor quer dizer é rever esse crime, aumentando-lhe as penas e dando novas tipificações legais, ou seja ampliando as condutas que devem ser punidas?
(11:06) Dep. João Magno: Marcelo, a lei é ampla. Sugiro que o ilustre internauta tome conhecimento do projeto de lei que tipifica o agenciamento de imigrantes como crime, que altera o Código Penal e a Lei 9613/98, para inserir esse crime entre os de lavagem de dinheiro. Entre em contato com meu gabinete e receba uma íntegra do projeto, que atende às vossas ponderações.
Visto e cidadania
(10:09) Gustavo: Deputado, a emigração ilegal leva em conta só as pessoas que querem realmente ir para outros países ou também está atenta à rede de prostituição internacional?
(10:13) Dep. João Magno: Gustavo, estamos atentos à rede de prostituição internacional. Já pegamos o primeiro denunciado em Poços de Caldas, que enviava mulheres para a Suíça, aparentemente para trabalhar. Importante dizer que quando elas se submetem a essas viagens, são enganadas e, lá chegando, são obrigadas a prostituir-se para não passar fome.
(10:20) Gustavo: Como o senhor vê as sugestões de restringir a entrada de brasileiros em outros países por meio de vistos? Recentemente, o México tomou essa decisão em relação ao Brasil para evitar a entrada de brasileiros nos EUA via México. É preciso uma contrapartida do Brasil?
(10:22) dep. João Magno: Gustavo, a liberdade de ir e vir é um direito humano, entretanto regulado por cada país na forma que lhe convier. Vamos lutar por esse direito para os brasileiros.
(10:27) Gustavo: Deputado, que tipos de maus-tratos o imigrante sofre quando é pego?
(10:31) dep. João Magno: Gustavo, depende do país e das condições em que é preso. Há relatos de permanência em lugares insalubres, pouca quantidade de alimentos, muitas vezes deteriorados, detenção de crianças em prisões de adultos, meses sem assistência de advogados e mesmo torturas físicas. A situação é crítica principalmente no México, mas também de brasileiros que vivem no Paraguai.
(10:30) SSOOLL: É comum dizer que o Brasil recebe estrangeiros de braços abertos. Do ponto de vista de nossas leis, isso é verdade ou é mera fantasia? Existe isonomia legal nessa questão, comparando o Brasil a outros países?
(10:35) Dep. João Magno: Ssooll, a marca histórica do povo brasileiro é receber todas as raças de braços abertos. Nos últimos cem anos, são pelo menos 800 mil imigrantes, entre alemães, italianos, japoneses, espanhóis... Porém, essa reciprocidade não existe na maior parte dos países do mundo, especialmente na Europa e nos Estados Unidos, que se fecham na sua aparente superioridade. Cada país tem seu ordenamento jurídico para o imigrante, e vai muito da índole do país. O Brasil é um país aberto por natureza. Os outros, na sua maioria, são fechados.
(10:35) Dep. João Magno Fala com SSOOLL: De onde você é, Ssooll?
(10:40) SSOOLL: SOU DE BOIADEIROS
(10:43) Dep. João Magno: Ssooll, sempre que posso assisto à novela. Porém, a mesma virou faca de dois gumes. Do mesmo tanto que atemoriza a travessia pelo México, incentiva, em função do consumismo apresentado.
(10:33) mario: É verdade que, a partir de não sei de quando, será exigido visto de entrada para brasileiros no México?
(10:34) dep. João Magno: Mario, o visto já está sendo exigido há cerca de uma semana.
(10:36) mario: Então, é mais uma maneira de se prejudicar os já tão prejudicados brasileiros, não é assim?
(10:38) dep. João Magno: Mario, os mexicanos têm suas razões para tomar essa atitude. Nós, para defender os brasileiros. Não achamos vantagem submeter brasileiros à perigosa travessia da fronteira.
(11:05) mario: Com essa história de visto para o México, acaba o sonho dos brasileiros de trabalhar nos EUA. E agora, trabalhar e crescer onde em nosso país?
(11:07) dep. João Magno: Mario, o ideal é que o brasileiro não precise sair de sua cidade para buscar melhores condições de vida em outro país. Volto a dizer que a questão fundamental é ter políticas públicas eficientes para garantir emprego e renda, saúde e educação ao nosso povo.
(11:09) STL01: Prezado Deputado, em janeiro deste ano estava nos EUA, em Boston, e, conversando com uma imigrante ilegal, brasileira, natural do Mato Grosso, ela me falara da atuação de igrejas evangélicas na defesa da regularização dos brasileiros que encontram-se nesta situação. O senhor pode confirmar esta atuação?
(11:12) Dep. João Magno: STL01, além da igreja católica e das evangélicas que lutam, existem dezenas de organizações de brasileiros que trabalham, promovem ações a bem das comunidades brasileiras naquele país. Um dos propósitos é a legalização.
(11:14) marcelo: O senhor tem conhecimento de como estão as negociações do governo brasileiro com os EUA para a questão da ampliação dos vistos e para tentar evitar que os brasileiros sejam tratados aos pontapés naqueles país?
(11:17) dep. João Magno: Marcelo, em diplomacia tudo é muito lento. Envolve múltiplos interesses, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Por exemplo, muitos norte-americanos lucram com a presença de brasileiros ilegais naquele país e cidades brasileiras se beneficiam do dinheiro enviado pelos migrantes. Há muitos aspectos a se avaliar, principalmente a preservação da dignidade da vida humana, e a negociação internacional deve lidar com tudo isso.
(11:15) STL01: Prezado Deputado, em recente estudo científico, uma socióloga divulgou seu trabalho nas páginas amarelas da revista IstoÉ mostrando que o brasileiro ilegal se sente mais cidadão em outros países, como nos Estados Unidos e/ou Inglaterra do que no Brasil. Como o senhor vê este posicionamento? O que fazer para que os brasileiros sintam-se mais detentores de seus direitos no Brasil?
(11:21) Dep João Magno: STL01, pelos relatos já recebidos pela CPMI, não podemos concordar com o trabalho que você citou. O brasileiro no exterior sofre discriminação, maus-tratos, desamparo e não tem possibilidade de participar das decisões políticas. Independentemente disso, realmente no Brasil nós precisamos evoluir muito para garantir plena cidadania aos brasileiros. Para isso, é preciso maior coesão social, que possibilite distribuição de renda, educação de qualidade, emprego.
(11:23) mario: Estive conversando com um amigo paulista, que me falou que na prisão mexicana, na Cidade do México, existem hoje cerca de 200 brasileiros de diversas cidades e lá a condição é precária, dorme-se no chão entre fezes e a comida é à base de pimenta. Tem jeito de se fazer alguma coisa por eles lá?
(11:26) Dep. João Magno: Mário, já fizemos alguma coisa. Já repatriamos pelo menos 1.500 brasileiros em quatro vôos charter. Eles estavam presos em várias cadeias da fronteira do México com os EUA. Reclamavam de frio, da comida, de maus-tratos e humilhações. Havia imigrantes presos junto com traficantes condenados pelo tráfico de drogas.
Desenvolvimento regional
(10:05) Alvarenga: Bom dia, deputado. Sou alvarenguense, e o senhor é majoritário em nosso município, onde tem sido grande o número de pessoas indo para os EUA, através de intermediários da região. O senhor já tem conhecimento desses fatos em Alvarenga?
(10:07) Dep. João Magno: Alvarenga, tenho conhecimento dos fatos de que você fala. Sei que a cidade está nessa região crítica de falta de investimentos por parte dos governos federal e estadual. Por isso, muita gente está saindo para fora do País.
(10:11) Cida: Até que enfim alguma medida construtiva para acabar com a máfia exploradora dos trabalhadores brasileiros desempregados no nosso País. Em seqüência, esperamos que os tão prometidos dez milhões de empregos da campanha presidencial finalmente apareça.
(10:16) Dep. João Magno: Cida, concordo com você. A CPMI vai exigir do governo americano que seja ampliada a oferta de vistos, de seis mil para 25 mil anuais para brasileiros que queiram trabalhar legalmente nos EUA. O Brasil hoje é discriminado. Enquanto, os EUA libera 45 mil para as Filipinas, só temos seis mil. Importante lembrar que, quanto ao emprego, isso é similar a uma doença antiga e grave. Faz parte de inúmeros governos. Agora, é evidente que o Brasil está retomando a capacidade de geração de emprego de forma promissora, com estabilidade econômica.
(10:13) Alvarenga: Deputado, na região de Alvarenga, Tarumirim e Conselheiro Pena, são conhecidos os agenciadores, que há três ou mais anos operam na região. Nada foi feito até agora para coibir a ação desse pessoal.
(10:17) mario Fala com Alvarenga: Se coibir a ação desse pessoal em sua cidade, sua cidade não vai mais pra frente. Orienta os moradores pra procurarem as pessoas certas. Assim como existem maus políticos, maus policiais, existem maus agenciadores.
(10:20) Alvarenga: Mário, o que eu não acho justo é escravizar nosso pessoal em outros países, o que é pura realidade. É exploração do ser humano.
(10:21) Dep. João Magno: Alvarenga e Mario, a Polícia Federal não vai deixar ninguém que esteja envolvido com o tráfico sem o devido tratamento. A Operação Canaã já está em pleno andamento. Inclusive, ela independe do ritmo da CPMI da Emigração e vai chegar a sua região. Mario, nós não estamos em momento algum tentando a ida das pessoas aos EUA. Achamos até bom que quiser ir vá e traga bastante dólar para as famílias. Porém, nós não podemos permitir que as quadrilhas mandem pessoas com a ânsia de ganhar dinheiro que morrem nas fronteiras, quando não são estupradas as mulheres brasileiras ou deportadas, perdendo às vezes o seu patrimônio familiar no Brasil por intermédio dos agenciadores.
(10:24) mario Fala com Alvarenga: Escravizados, nós somos dentro do nosso próprio país, sem direito à reação contra tantos maus exemplos em todas as áreas sociais. Lá, pelo menos, as pessoas que varrem ruas ou lavam banheiros têm dignidade e um bom salário. E aqui? O que é que o País oferece?
(10:25) Alvarenga: Mário, prefiro que Alvarenga fique como está, sem a grana da exploração humana, pois nada pior do que ver nossos conterrâneos sendo feitos escravos.
(10:26) Alvarenga: Apesar dos problemas políticos, aqui pelo menos temos dignidade como cidadão, e lá forma somo tratados como escravo branco, e nada mais do que isto, em pleno século XXI.
(10:28) Dep. João Magno: Mário e Alvarenga, esse debate é interessante. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. É preciso o Brasil promover desenvolvimento especialmente para as comunidades do interior. Isso impede a evasão tão intensa que ocorre no leste de Minas. Porém, para sermos realistas, isso não acontece da noite para o dia. Esse é o motivo que leva a CPI a pedir a ampliação do número de vistos para garantir a ida legal.
(10:14) SSOOLL: A emigração - sobretudo a ilegal - tem como origem o desemprego no Brasil e seria muito minimizada se fossem criados mais postos de trabalho no País. A CPI tem se preocupado com esse aspecto do problema?
(10:33) dep. João Magno: Ssooll, com certeza a CPMI tem preocupação com as causas do fenômeno migratório. Além da investigação de índole penal e a elaboração de projetos de lei, o parlamento se preocupa com a formulação de políticas públicas, entre as quais, as relacionadas com o desenvolvimento econômico e social do País. Ao apresentar o relatório final, possivelmente em dezembro, a CPMI fará várias recomendações ao Executivo sobre medidas para conter a emigração, não somente no sentido repressivo, mas também para criar condições atrativas ao brasileiro para permanecer em território nacional, como a geração de empregos.
(10:22) Alvarenga: Na região de Alvarenga, o pessoal interessando em ir para outros países tem sido vítima de agenciadores. Os mesmos são obrigados a hipotecar casas, terrenos ou mesmo a pagar juros de 20% para buscar meios de viajar clandestinamente, e ficam a mercê desses criminosos.
(10:25) Dep. João Magno: Alvarenga, urge por parte dos governos estadual e federal fazer a ligação de Alvarenga com o centro de desenvolvimento do estado, facilitando a vida desse povo. A estrada, em precárias condições, tem isolado essa comunidade tão trabalhadora. Nós estamos cobrando do governo ações para a integração asfáltica. Um dia, nós haveremos de conseguir.
(10:28) Alvarenga: Deputado, sei que o senhor já visitou a região por mais de uma vez, inclusive foi ao interior, na região serrana do Padre Ângelo, uma das mais belas paisagens do Leste Mineiro, e muito poderá fazer pela região. Lute por nosso povo e será reconhecido nas urnas, como foi nas últimas eleições.
(10:30) Dep. João Magno: Alvarenga, conheço bem o município de Alvarenga. Ao longo de vários anos, venho tendo relações produtivas com a população de Alvarenga. Já conseguimos encaminhar recursos de emendas parlamentares para Alvarenga, o que melhora a qualidade de vida e ameniza a necessidade de tanta evasão de pessoas do município para os Estados Unidos.
(10:37) Alvarenga: Deputado, Alvarenga ainda não descobriu sua vocação econômica, e acredito que uma boa oportunidade seria explorar o "Turismo Rural" na região, tendo em vista o potencial "Remanescente da Mata Atlântica" e belas paisagens da região, e quem sabe uma forma de dar emprego para a juventude que busca serviço em outros países. O que o senhor poderia fazer para viabilizar o turismo em Alvarenga?
(10:41) Dep. João Magno: Alvarenga, concordo com você, precisamos viabilizar o asfaltamento da estrada.
(10:40) Maria: Como conter a imigração ilegal, já que todo cidadão tem o direito de ir e vir quando quiser?
(10:43) dep. João Magno: Maria, temos que trabalhar para que as pessoas não precisem sair do lugar onde moram por falta de opção de trabalho e perspectiva de vida. Tendo garantido o desenvolvimento das localidades carentes que estão expulsando seus moradores, as pessoas que querem mudar de país pelo sonho de conhecer outros lugares deverão ter esse direito garantido.
(10:47) Alvarenga: Deputado, Alvarenga tem um grande potencial turístico e, se explorado, poderia dar chances de trabalho aos jovens. O que o senhor poderia fazer para em termos de projetos?
(10:50) mario: Alvarenga, por acaso, você é político em sua cidade? Se não é, tenta a sorte pois você leva jeito!
(10:51) Dep. João Magno: Alvarenga, o Ministério do Turismo tem um plano articulado com o governo do estado para o leste de Minas Gerais. Porém, reconhecemos que a iniciativa desses órgãos tem sido ainda muito limitadas por falta de recursos. Cabe ao município, através da prefeitura, elaborar programas e propostas, encaminhar ao meu gabinete. Certamente, terei o prazer em lutar por recursos.
(10:52) Alvarenga: Mário, não tenho pretensões políticas, mas o que adoro mesmo é minha Alvarenga, portanto luto pelo povo do lugar, e estou escrevendo um livro sobre a região de "Cuieté", antigo degredo nos sertões do Rio Doce
(10:54) mario Fala com Alvarenga: Partindo de Poços, quantos quilômetros eu levo até sua cidade?
(10:56) Alvarenga: Bem, Mário, nosso cidade está há 120 km de Governador Valadares e a 100 de Caratinga. De Poços de Caldas, sinceramente não sei. Mas de GV e Caratinga facilita para seu cálculo. Vale a pena conhecer nossas belezas naturais, apesar de a estrada não ser pavimentada.
(10:57) Alvarenga: Deputado, o asfalto está chegando em Pocrane, cerca de 33 km de Alvarenga, e está chegando também em São Sebastião do Anta, cerca de 60 km de Alvarenga. O senhor acredita que no governo Aécio ainda poderemos sonhar com asfalto em nosso município?
(11:00) Dep. João Magno: Alvarenga, com certeza nós faremos o que for possível para o asfalto chegar aí, o mais breve. Venho lutando no orçamento da União para ampliar recursos para as estradas federais e facilitar, com isso, investimentos do estado nas rodovias estaduais.
(11:12) mario: Já estou com 46 de idade e o que mais me incomoda em política é que todos (sem exceção) políticos, sabem a formula mágica para todos os problemas do Brasil. Depois que assumem seus cargos, parece que dá um branco em suas mentes. Isso só acontece aqui ou é um mal que assola a humanidade geral?
(11:18) Dep. João Magno: Mario, realmente existe muita demagogia em política. Mas não é só na política, não. Existem as exceções e existem também as interpretações que as pessoas fazem de determinadas ações. Existem as limitações e existe um ditado surrado e antigo: "O povo tem o governante que merece." Eu pessoalmente compreendo que é preciso ter paciência. Às vezes, sou criticado e reconheço minhas faltas. Porém, na prática do meu mandato, que venho fazendo há seis anos, busco agir com franqueza e não criar falsas expectativas. Meu mandato vem se firmando como um mandato minimamente sério, mas tenho a convicção de que ele é muito mais limitado do que eu às vezes percebo. O importante é que temos alcançado resultados positivos para a população. A CPMI da Emigração Ilegal é um exemplo.
Polícia Federal
(10:36) Frederico: Deputado, o senhor disse que a comissão pretende vir a dar condições para que a Polícia Federal e o MPF possam vir a combater essa modalidade de crime. O senhor não acha que o efetivo da Polícia Federal está aquém das reais necessidades para combater a emigração ilegal?
(10:39) Dep. João Magno: Frederico, o efetivo da PF está aquém das necessidades, principalmente na região de Governador Valadares. Já temos uma audiência marcada com o superintendente da PF, Paulo Lacerda. Pediremos a ele a urgente criação da subdelegacia da Polícia Federal em Ipatinga e a ampliação do efetivo da polícia nas regiões mais críticas de emigração.
(10:39) mario: Frederico, a Polícia Federal está roubando eles mesmos. Você não viu no Rio? Como é que entraram lá e roubaram 2 milhões de reais, se não eles mesmos? Nós estamos fritos!
(10:42) Frederico: Caro Mário, não generalize. Com certeza tem uns "vagabundos" que se dizem policiais mas são a pior espécie de ladrão. Mas não vamos culpar todos se isso foi obra de alguns pouquíssimos. E as outras operações bem sucedidas da PF? Não valem nada?
(10:44) mario Fala com Frederico: Lembra do que eu te falei antes? Existem maus isso, maus aquilo, etc...
(10:45) Dep. João Magno: Mário e Frederico, a Polícia Federal é uma instituição de consolidada seriedade. Mas é evidente que, em qualquer parte onde haja ser humano, existem as exceções problemáticas. Nós da CPMI, se não tivéssemos a PF conosco, não teríamos tido nenhum sucesso nas prisões e nos mandados de busca e apreensões realizados.
(10:47) Frederico: Deputado, o senhor não acha que o efetivo da Polícia Federal é insuficiente para combater os crimes de emigração ilegal?
(10:50) dep. João Magno: Frederico, certamente a Polícia Federal precisa aumentar seus quadros e melhorar seus equipamentos. Mas sabemos da sua competência, dentro de certas limitações, para realizarmos um bom trabalho na CPMI.