CÂMARA DOS DEPUTADOS - DETAQ

Sessão: 041.4.52.O Hora: 14:08 Fase: PE
Orador: REINALDO BETÃO, PL-RJ Data: 05/04/2006

O SR. REINALDO BETÃO (PL-RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, e todos aqueles que nos ouvem pela Rádio e TV Câmara, o grande anseio da população mageense e também de toda a Baixada Fluminense é ver construído no nosso Município o Museu do Garrincha, o que para nós, da Baixada, representaria um memorial onde o craque do futebol brasileiro seria eternizado não apenas no coração dos torcedores, mas de forma real, concreta.

Com certeza, o notável Manuel Francisco dos Santos, conhecido internacionalmente como Mané Garrincha, foi uma pessoa extraordinária, como poucas. Era simples, amigo, ousado e motivou um país inteiro a ter esperança.

Apesar de tanto reconhecimento e talento, os governantes nunca fizeram nada pelos seus familiares. Suas filhas e netos vivem uma condição financeira muito ruim e dependendo até de vizinhos e amigos. Não podemos permitir que isso aconteça, pois Garrincha, o gênio das pernas tortas, representou muito para o Brasil e o tornou conhecido em todo o mundo.

Lá em Pau Grande, no Município de Magé, existe um espaço excelente para se construir tanto o sonhado museu, quanto um ginásio de esportes. É preciso apenas vontade política.

Existe muito material, diversos objetos e relíquias sob a guarda das filhas. Mas, é necessário guardá-los adequadamente para não se deteriorar pelo tempo. A própria Confederação Brasileira de Futebol - CBF possui outros tantos que destacam a trajetória do atleta e a conquista do bicampeonato mundial em 1958 e 1962.

Para os mageenses é um orgulho muito grande saber que Garrincha nasceu no Município. Conheço muito bem suas filhas e netos. São pessoas maravilhosas e do meu convívio. Estou sempre com elas.   

Sr. Presidente, limitar o nome de Mané Garrincha a placa de ruas, escolas, estádios é muito pouco. A solução realmente é a construção do museu.

Faço um apelo à Prefeita Núbia Cozzolino, mulher de garra e comprometida com os anseios do povo mageense, para nos ajudar nesse grande projeto de construção do Museu Mané Garrincha. Magé e o Brasil aguardam com ansiedade um feito dessa magnitude.

Aproveito a oportunidade, Sr. Presidente, para parabenizar o novo Ministro do Esporte, Orlando Silva de Jesus Júnior, jovem empreendedor, interessado em revitalizar o esporte brasileiro. Estou confiante em que o Ministro Orlando Silva desempenhará suas atribuições de forma brilhante e muito competente.

Passo agora a abordar outro assunto.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, felizmente, o cidadão carioca e fluminense está livre temporariamente da indústria da multa de trânsito que vem imperando no nosso Estado. A Assembléia Legislativa aprovou, por unanimidade, em primeira discussão, projeto de lei que autoriza o Poder Executivo a dar anistia de até 90% sobre as dívidas de IPVA, multas por infração de trânsito e diárias de depósitos.

O benefício será concedido por um período de 120 dias - ainda não determinado - e os valores terão que ser pagos à vista. Mas a discussão deve voltar a plenário num prazo estimado de 15 dias. Essa notícia é um alívio para muitos proprietários que não têm como pagar as multas e as diárias dos depósitos.

O grande problema, a meu ver, é que, no caso das multas, parece que elas não são aplicadas com a finalidade de corrigir o infrator, mas, sim, com o objetivo de arrecadar mais e mais. Mais do que aplicar multas e penalidades tão duras, os órgãos de fiscalização de trânsito precisam realizar campanhas educativas. O maior paradoxo que eu vejo é que o Estado quer ser tão legalista na aplicação de multas, quando ele mesmo não proporciona as condições adequadas de tráfego nas rodovias. Muito pelo contrário, o que vemos todos os dias são ruas, estradas e rodovias esburacadas, um verdadeiro desrespeito para com o cidadão que cumpre suas obrigações tributárias.

Outro aspecto relevante a ser destacado é que o Estado não tem mais espaço para recolhimento de veículos que continuam sendo apreendidos, sem contar que a própria Procuradoria-Geral do Estado, já com tantas atribuições, não terá como acionar os devedores, gerando apenas morosidade e sérios transtornos para ambos os lados.

Não resta dúvida, Sr. Presidente, que medida como essa certamente aumentará a arrecadação do Estado e, conseqüentemente, a qualidade de vida das pessoas.

Parabenizo o brilhante trabalho realizado pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro por ter interrompido, mesmo que provisoriamente, a atuação maléfica e descabida da indústria de multas que vem assolando o nosso Estado e outras Unidades da Federação.

Estarei acompanhando de perto o desenrolar dessa questão. O nosso povo pode ficar tranqüilo.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria ainda de abordar, nesta tarde, o tema da inviabilidade da instalação de uma unidade do Hospital Federal de Traumato-Ortopedia - ITO, na    retroárea imediata do Porto do Rio, mais precisamente no antigo prédio do Jornal do Brasil, no Bairro de São Cristóvão.

O referido prédio, que até poucos anos centralizava a parte de jornalismo e produção industrial do Jornal do Brasil, veio a ser desativado operacionalmente com a crise que se abateu sobre aquela empresa e, atualmente, encontra-se desabitado, com as obras de adaptação iniciadas.

É importante ressaltar que, apesar de algumas ações terem sido empreendidas pela comunidade portuária do Rio de Janeiro, no intuito de instalar serviços relacionados aos setores administrativos do    porto, não se obteve êxito naquela empreitada, o que permitiu o surgimento da idéia de se instalar um hospital de grande porte.

É de se estranhar, Sr. Presidente, que, mesmo não sendo o local propício para a instalação de um hospital, as obras avançam. Ora, aquela região é limítrofe ao porto, sendo rodeada de unidades pesadas de armazenamento de cargas, com trânsito muito intenso de caminhões e carretas, e recebe mais de 100 mil veículos por dia e todo o trânsito da Avenida Brasil.

Assim, instalar um hospital naquela região não é uma boa solução, não é prudente. Sem dúvida a acessibilidade ao hospital será complicada para seus usuários e funcionários, notadamente no caso de pessoas com dificuldades de locomoção. Quanto aos aspectos ambientais, trata-se da área mais poluída da cidade, tanto de poluição do ar como sonora, o que também é contra-indicado para um hospital de grande porte.

Para dificultar ainda mais o assunto, sabe-se que existem gestões para ampliar a área do hospital, que sequer conta com estacionamento de automóveis, utilizando para tal uma área da Companhia Docas do Rio de Janeiro, que deveria estar arrendada para gerar novas receitas para o porto. Em resumo, podemos dizer, com toda certeza, que, além da péssima localização, a nova unidade hospitalar vai interferir negativa e diretamente no próprio porto.

Não quero apenas, Srs. Parlamentares, expor os problemas advindos com a instalação do novo hospital numa área tão imprópria como essa, mas, sim, apresentar, como sugestão, o uso de parte do edifício do Hospital do Fundão, pertencente à Universidade Federal do Rio de janeiro, na Cidade Universitária. Trata-se de um prédio imenso - ocupa menos de 30% de sua área construída - que poderia perfeitamente abrigar as duas unidades hospitalares e ainda sobraria área construída não ocupada.

Portanto, Sr. Presidente, faço um apelo ao Ministro da Saúde, José Agenor Álvares da Silva, para que intervenha urgentemente no caso, no sentido de evitar prejuízos ao projeto do hospital e ao porto do Rio de Janeiro.

Ao encerrar, Sr. Presidente, com muito pesar, comunico à Casa o falecimento do mais famoso palhaço brasileiro, o eterno Carequinha. Ele nasceu dentro de um circo na cidade de Rio Bonito. Logo após o parto, seguindo a tradição circense, recebeu os primeiros aplausos dos artistas, o que se tornaria uma prática constante em sua vida.

Aos 5 anos de idade, já em Minas Gerais, onde sua família trabalhava no Circo Peruano, ganhou uma careca de presente do avô e recebeu o famoso apelido. O palhaço mais querido do Brasil viveu uma carreira de muito sucesso. Teve o primeiro programa de auditório, ao vivo, da televisão brasileira e trabalhou com grandes diretores como Marlene Matos (sua assistente de palco) e Carlos Manga, a quem deu a oportunidade de iniciar a carreira como diretor.

Destacar todos os feitos do notável Carequinha é uma tarefa quase impossível diante da sua grandeza, mas também da sua simplicidade. Um fato que marcou muito sua trajetória foi a atuação que teve no cinema, onde realizou 8 longas-metragens, marca considerada muito boa pelos especialistas. Na época de ouro do rádio, integrou o elenco do Programa Barbosa Júnior, na Rádio Mayrink Veiga e do show de César de Alencar, na Rádio Nacional. Nesse período trabalhou com nomes como Francisco Alves, Emilinha Borba e Ângela Maria.

Em 1964, faturou a medalha Palhaço Moderno do Mundo, na Cidade de Campione d'Italia, disputando com palhaços de 20 países. Carequinha fez ainda apresentações em vários países.

No início da década de 80, marcou presença no primeiro disco da apresentadora Xuxa. Trabalhou com Marlene Matos e a convite de Chico Anysio integrou o elenco fixo da Escolinha do Professor Raimundo, na Rede Globo. A partir do convite de Getúlio Vargas para se apresentar no Palácio do Catete, Carequinha passou a ser considerado o palhaço dos Presidentes. Os seus shows eram quase que obrigatórios para todos os Presidentes da República, desde Getúlio Vargas passando por JK, incluindo os generais do Governo militar.

O Brasil, Sr. Presidente, perde um grande ídolo, uma grande alma. Carequinha marcou várias gerações. Sua vida foi exemplo de amor, alegria, doação e amizade.

Era o que tinha a dizer.

Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento no programa A Voz do Brasil.

Muito obrigado.